Aos gritos de “Fora, Cunha”, o plenário lotado da Câmara elegeu o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para um mandato-tampão na presidência da Casa. Maia derrotou o candidato do Centrão Rogério Rosso (PSD-DF), em segundo turno, de forma expressiva, por 285 votos contra 170. Rosso, que também era considerado o candidato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), encarou a derrota com serenidade.
Logo após o anúncio do resultado, que saiu no início da madrugada desta quinta-feira, Rodrigo Maia sentou-se na cadeira da presidência, agradeceu pelo apoio e chegou a embargar a voz, ao lembrar-se do pai, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia.
A vitória de Rodrigo Maia, que aos 45 anos está em seu quinto mandato, também pode ser considerada uma vitória do governo Temer, que agiu para evitar a eleição de Marcelo Castro (PMDB-PI), deputado que votou contra o impeachment de Dilma Rousseff.
Com o sinal verde do Palácio do Planalto, os ministros mais próximos do presidente interino entraram em campo já na noite de terça-feira. A iniciativa deu certo. Às 21h47m de quarta, Maia e Rosso, que tiveram atuação intensa a favor do impeachment, chegaram ao segundo turno, com 120 e 106 votos, respectivamente. Marcelo Castro acabou em terceiro lugar na disputa, com 70 votos.
Na corrida contra o tempo, ministros, assessores e deputados ligados a Temer dispararam telefonemas durante todo o dia para um trabalho que eles chamaram de “conscientização” a respeito das possíveis consequências negativas com a eleição de Castro.
Nas contas desses articuladores, na bancada de 66 peemedebistas, pelo menos a metade teria sido demovida da ideia de votar em Castro, após a intervenção do Palácio do Planalto.